No Brasil, o termo “gambiarra” é amplamente empregado para descrever soluções improvisadas, muitas vezes engenhosas, porém nem sempre seguras. No cenário tecnológico, “gambiarra” tornou-se ainda mais comum ao referir-se a ajustes em circuitos elétricos, programação e hardware.
De acordo com o Dicionário Michaelis, a palavra “gambiarra” inicialmente estava associada a uma extensão elétrica improvisada com uma lâmpada na ponta, o que permite iluminação em diferentes locais.
Tal solução era particularmente prática no teatro e aplicada como refletores acima da ribalta. A origem do termo, embora incerta, está carregada de hipóteses interessantes e reflete o espírito inventivo dos brasileiros.
Gambiarra feita na bicicleta para levar e apoiar objetos – Imagem: Wikipedia
Origem do termo ‘gambiarra’
Em matéria do portal Olhar Digital, o filólogo Antenor Nascentes sugere que “gambiarra”, provavelmente, deriva de “gâmbia”, que vem do italiano “gamba”, que significa perna. O sufixo “-arra” daria um sentido de aumentativo e sugere algo improvisado.
Outra teoria aponta seu surgimento das extensões elétricas usadas para iluminação no século XIX. Existe ainda a hipótese da relação com “gâmbias” (pernas ligeiras), que associa o termo a vendedores ambulantes que improvisavam soluções rápidas em sua atividade.
Vendedor ambulante criou uma “gambiarra” que lhe possibilita recolher as mercadorias de forma fácil e rápida – Imagem: Wikipédia
Aplicação na tecnologia moderna
Em programação, “gambiarra” se refere aos códigos improvisados que resolvem problemas de forma temporária, mas sem seguir as práticas ideais para aquele contexto.
Já no design eletrônico, o termo significa a adaptação de componentes para operarem em um circuito sem uma solução ideal. Exemplos incluem o uso de fita isolante para consertar eletrônicos ou adaptações de hardware, como substituições criativas de botões quebrados.
Gambiarra: criatividade e necessidade
A despeito de sua conotação negativa, a “gambiarra” simboliza criatividade e adaptação. Em contextos de escassez, improvisar é crucial para resolver problemas cotidianos. Curiosamente, conceitos semelhantes existem fora do Brasil, como “kluge” ou “hack” em inglês.
Na ciência, a palavra “gambiarra evolutiva” descreve adaptações biológicas imperfeitas, mas funcionais, que destacam a inovação inerente ao conceito.
Portanto, a “gambiarra” exemplifica tanto a inventividade quanto as soluções práticas encontradas para enfrentar desafios, ao refletir um aspecto cultural único do Brasil e sua capacidade de adaptação.