Em um caso inusitado ocorrido no Tribunal de Apelações de Nova York, Jerome Dewald decidiu utilizar uma abordagem tecnológica inovadora para sua defesa. No dia 26 de março, ele apresentou um vídeo de um avatar gerado por inteligência artificial (IA) como seu representante legal em uma ação trabalhista.
A intenção de Dewald era clara: apresentar seus argumentos de maneira estruturada e sem hesitações. No entanto, essa estratégia não foi bem recebida pela juíza Sallie Manzanet-Daniels. A surpresa da magistrada foi evidente quando, ao assistir ao vídeo, ela interrompeu a sessão para questionar a autenticidade do advogado apresentado.
Réu usa IA como advogado no tribunal de Nova York – Imagem: Suprema Corte de Nova York
Advogado IA no tribunal
Durante a exibição do conteúdo, o avatar, vestido de maneira formal, iniciou a defesa de Dewald. Contudo, a juíza logo percebeu a inusitada situação e questionou Dewald sobre a identidade do advogado; Dewald rapidamente explicou que o advogado era, na verdade, um produto gerado com tecnologia de IA.
A juíza Manzanet-Daniels expressou seu descontentamento ao afirmar que o ideal seria saber de tal fato quando o réu fez sua solicitação. Assim, a magistrada deixou claro que não apreciava ser surpreendida daquele modo. Já Dewald, em entrevista à agência de notícias Associated Press, posteriormente se desculpou e itiu que o tribunal ficou irritado.
Casos similares
No início do ano, eventos semelhantes envolvendo inteligência artificial no setor jurídico já haviam sido relatados. Em Wyoming, os advogados mencionaram jurisprudência fictícia em processos contra o Walmart. Esse incidente levou o escritório Morgan & Morgan a alertar seus advogados sobre os riscos da IA.
Apesar dos desafios, a tecnologia continua sendo adotada. A Suprema Corte do Arizona, por exemplo, emprega avatares para facilitar a leitura de processos. Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) aplica a tecnologia MARIA para otimizar a análise de casos e relatórios.
Portanto, a tentativa de Jerome Dewald de inovar em sua defesa com o uso de IA destaca a crescente influência da tecnologia na área jurídica. Embora represente avanços, é fundamental que a utilização dessa ferramenta seja transparente e responsável. O processo de Dewald ainda aguarda resolução, mas já acendeu um debate sobre ética e inovação nos tribunais.
* Com informações da agência de notícias Associated Press e do portal Olhar Digital.